A valorização do património
ferroviário, enquanto memória do passado e ponte para o futuro!
A construção do caminho-de-ferro, cuja inauguração oficial
em 1859, e comercial em 1861, veio colocar o Barreiro na senda da indústria
moderna e revolucionar a vida local, que assim se tornou no nó principal da
travessia de gentes e mercadorias entre o Norte e o Sul do País, tornando-o um
local privilegiado nos estudos para a instalação de indústrias, especialmente a
indústria corticeira, que exigia capacidade de transporte de grande volume, tendo em conta a
matéria prima utilizada naquela indústria.
A escolha do Barreiro para terminal da linha do Sul e
Sueste, foi decisiva para o desenvolvimento económico e social da vila, que
começou a tornar-se um pólo de atracção de populações, oriundas principalmente
dos concelhos vizinhos, do Alentejo, do Algarve e das Beiras, em busca de
melhores condições de vida e trabalho nas inúmeras fábricas de cortiça em
expansão.
O transporte ferroviário foi o paradigma do desenvolvimento do Barreiro no século XIX e no início do século XXI, os comboios quase morreram no Barreiro, pondo em risco todo o património construído, que rapidamente entrou em degradação.
O transporte ferroviário foi o paradigma do desenvolvimento do Barreiro no século XIX e no início do século XXI, os comboios quase morreram no Barreiro, pondo em risco todo o património construído, que rapidamente entrou em degradação.
Hoje, o abandono a que parte das instalações ferroviárias já
estão votadas, consequência da retirada de valências ao Barreiro em termos
operativos e oficinais, que tem significado a perda de postos de trabalho, é
uma situação que urge denunciar.
A EMEF tem intenção de fechar as oficinas, o que levará à desocupação da Estação Ferro-Fluvial pelos
trabalhadores da linha do Sado, já esteve na origem do encerramento do infantário, já está em curso a retirada dos
moradores do bairro ferroviário, que se encontram a ser notificados para
desocuparem as casas em 30 dias.
A CP encontra-se em pleno processo de registo da propriedade
do bairro ferroviário, terrenos e moradias, da zona envolvente ao Palácio de
Coimbra, indiciando que se avizinha mais uma grande operação urbanística de
grandes dimensões.
Na sua redacção actual, o plano director municipal do
concelho do Barreiro, aprovado em 1992, admite, através das chamadas unidades
operativas de planeamento e gestão, a possibilidade de classificação do solo
naquele local, para habitação.Aparentemente, o presente vem dar razão aos que visionaram torres e mais torres de habitação à beira rio plantadas nos terrenos de afectação ferroviária. A história dirá se os “velhos do Restelo” tinham razão.
Perante a possibilidade real de se virem a construir no
local as tão faladas torres de habitação, o que acontecerá à 1ª
Estação/Oficinas da EMEF, à Estação Ferro-Fluvial do Barreiro-Mar, à Rotunda
das Locomotivas, ao Bairro Ferroviário do Palácio do Coimbra?
São estas preocupações que nos unem em torno deste
movimento, porque entendemos que os Barreirenses não podem ficar indiferentes
ao abandono e destruição do património ferroviário desta terra, porque ele faz
parte integrante das suas memórias, da sua história. Só interessa cuidar do património e da memória se houver vida no presente e perspectivas de futuro. O paradigma deverá ser assegurar no presente, os interesses da população e da economia regional, projectando para o futuro as iniciativas que melhorem a qualidade de vida dos portugueses em geral e da região do Barreiro em particular.
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