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Petição Sobre o Centro Histórico Ferroviário do Barreiro

A construção do Caminho-de-ferro do Sul e Sueste, com inauguração oficial em 1859 e comercial em 1861, veio colocar o Barreiro na senda da indústria moderna e impulsionar a vida local.

A escolha do Barreiro para terminal da linha do Sul e Sueste, foi decisiva para o desenvolvimento económico e social da vila, que começou a tornar-se um pólo de atracção de populações, oriundas principalmente dos concelhos vizinhos, do Alentejo, do Algarve e das Beiras, em busca de melhores condições de vida e trabalho nas inúmeras fábricas em expansão.

Entretanto a primitiva estação ferroviária do Barreiro, posteriormente transformada nas Oficinas Gerais da CP, distava cerca de 2 km do local de embarque do vapor para Lisboa, no Mexilhoeiro, tornando o transbordo de passageiros muito penoso e assim, em 1884, foi inaugurada uma nova gare marítima fluvial, sob projecto do engenheiro Miguel Paes.

O Barreiro tornou-se no nó principal da travessia de gentes e mercadorias entre o Norte e o Sul do País, o que privilegiou o local nos estudos para a instalação da indústria corticeira e química.

O transporte ferroviário foi o paradigma do desenvolvimento do Barreiro no século XIX.

No início do século XXI, os comboios quase morreram no Barreiro e todo o riquíssimo património Ferroviário construído entrou em rápida degradação.

Constata-se o abandono a que parte das instalações ferroviárias estão votadas, consequência da retirada de valências ao Barreiro em termos operativos e oficinais, que tem significado também a perda de postos de trabalho.

Com a Intenção da EMEF de fechar as Oficinas ainda este ano, com a desocupação da Estação Ferro-Fluvial pelos trabalhadores da linha do Sado, com o fecho do Infantário e o abandono do Bairro Ferroviário (a CP está a enviar cartas para os moradores saírem em 30 dias!), as perspectivas apresentam-se muito sombrias.

Os barreirenses não podem ficar indiferentes ao abandono e destruição do património ferroviário da nossa terra.

Cuidar da memória viva é assegurar no presente os interesses da população e da economia regional, projectando para o futuro os caminhos que melhorem a qualidade de vida dos portugueses em geral e da região do Barreiro em particular.

Assim, os signatários desta petição apelam à Câmara Municipal do Barreiro (CMB), ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), Rede Ferroviária Nacional – (REFER, EP), Comboios de Portugal, (CP.EPE), Fundação Museu Nacional Ferroviário e Associações de Amigos dos Caminhos de Ferro e do Património. Uma intervenção urgente, antes que seja tarde demais:

1- Que sejam tomadas medidas para a preservação, combate ao abandono e vandalização do património ferroviário edificado e técnico (locomotivas ferramentas e peças).

2- Que seja elaborado o processo para a classificação de interesse municipal e/ou nacional das diversas construções ferroviárias existentes no Barreiro, designadamente: antigo edifício da Estação dos caminhos de Ferro (actuais oficinas da EMEF), Estação Ferro-Fluvial, Rotunda das Máquinas, Armazém regional e Bairro Ferroviário que constituem elementos de valor histórico, patrimonial e técnico inestimável.

3- Que na área de afectação ferroviária do Barreiro, seja feito um estudo global no âmbito do Plano Director Municipal (PDM), equacionando a problemática da preservação e suscitando um pedagógico contributo dos barreirenses; Associações, Sindicatos, Comissão de Trabalhadores, ferroviários e população, preparando simultaneamente dossiês para eventual candidatura a apoio Internacional.

Movimento Civico de Salvaguarda do Património Ferroviário do Barreiro

1 comentário:

  1. Foi com imensa nostalgia e tristeza que ontem visitei a antiga estação do Barreiro. Tinha eu poucos anos de idade quando viagem pela primeira vez com os meus pais do Barreiro para o Algarve no comboio que apanhávamos nesta estação secular. Porquê é que chegou a este estado de conservação? Porquê é que não aproveitaram as estruturas para fazerem alojamentos locais, ou albergar instituições de solidariedade? são perguntas que eu e provavelmente muito cidadão faz. Quem ganha por este edifício estar assim. Mas de uma coisa sei, quem perde é o cidadão! O cidadão perde sempre, perde esta cultura de gerações. quantas e quantas pessoas não passaram por aqui? Lembro-me perfeitamente o quão viva era esta bela estação, pertence ao meu passado, pertence às minhas memorias.

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